domingo, 27 de janeiro de 2019

Mariana não foi suficiente para ensinar a lição


Passaram-se três anos do maior desastre ambiental registrado no País, onde vidas foram ceifadas, sonhos destruídos, sustentos arrebatados, e toda esperança de muitos, dilacerada. Literalmente, o distrito de Bento Rodrigues em Mariana-MG, foi enterrado para sempre, além de outros atingidos, e prejuízos de toda a sorte.

Em meio a tanta dor e sofrimento, sequer as marcas do desastre puderam ser removidas, e jazem - sob toneladas de rejeitos -, além da própria honra, do orgulho, o chão das pessoas, toda uma história de vida e trabalho, de luta, de morte e de horror.

E, não bastasse a fatídica realidade, assistimos inertes e atônitos o replay desse crime imensurável: outra dose de 50 milhões de metros cúbicos de resíduos de minérios, matando pessoas, devastando vilarejos e arrasando a fauna e a flora que encontra pelo caminho, agora em Brumadinho-MG.   

Muita matéria tivemos para estudar desde novembro de 2015: exploração da natureza sem controle efetivo do risco; fiscalização insuficiente; interesses econômicos acima do valor da vida, e outras tantas. Entretanto, tiramos zero nesta prova!

Será que também reprovaremos na reação? A atitude do poder público se limitará às multas? Os órgãos de fiscalização ganharão pernas? Os responsáveis, não assumirão suas culpas com o argumento de que o negócio é importante para o sustento da região, como se a cultura do povo – agora na lama – não fosse riqueza a se orgulhar? As normas e regras continuarão as mesmas? Os projetos de mudanças ficarão engavetados no Congresso Nacional? São muitas questões, poucas ou nenhuma solução.

Embora reviver este drama nos entristeça e até desanime, temos em nós – brasileiros – que um filho desta Nação não foge à luta.

Assim, todos nós cidadãos, devemos nos solidarizar com os feridos e com os familiares das vítimas, instigando o Governo a tomar medidas enérgicas para as resoluções desta calamidade e intensificar ações que estão pendentes desde Mariana, para que – definitivamente – possam ser desenvolvidas e aprovadas.

Se ficarmos calados, esse silêncio será a nossa condenação e o nosso legado perante nossos filhos e netos. Não seremos dignos de olhar - de cabeças erguidas - as futuras gerações.

Afinal, dentro de toda essa tragédia, não podemos ignorar os acidentes de trabalho que vitimaram pessoas tanto na primeira tragédia, quanto nesta agora, que ainda nem sequer sabemos quantas vidas foram perdidas, entre a população e os trabalhadores que estavam nas instalações da mineradora.

Nós cidadãos e profissionais da segurança e saúde no trabalho, sabemos o valor da prevenção e o quanto ainda nossa Nação está longe de uma cultura que adote procedimentos de antecipação aos riscos.

De nada adianta, todo um aparato de iniciativas, promessas e mais promessas, quando a tragédia já se instalou e nada foi feito para prevenir. Significa que nada foi feito de fato.

Haja vista, a grande quantidade de barragens, principalmente em Minas Gerais, e em relação a tudo que assistimos, resta a pergunta final: quantas tragédias como as de Mariana e Brumadinho ainda virão?